| Mais rápido que uma bala. Mais forte que uma locomotiva Capaz de saltar sobre os prédios mais altos com um simples pulo. Olhem ! Lá no céu ! É um pássaro ! É um avião ! Não ! É o Super-Homem !
Sim, é o Super-Homem - estranho visitante de outro planeta, que veio à Terra, com poderes e habilidades muito superiores às de qualquer mortal - Super-Homem - pode mudar o curso do rio mais caudaloso, dobrar o aço com as mãos, ele que, na vida real é Clark Kent, um discreto repórter de um grande jornal de Metrópolis, trava uma batalha sem fim pela Verdade, pela Justiça e pela América.
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Para compreendermos o surgimento do "Superman", precisamos antes entender o momento pelo qual a história do mundo passava: Nos anos 30 a principal novidade na história dos "comics", foi o surgimento de um novo formato chamado "comic-book" - de certa forma uma "adaptação" quadrinizada das novelas de "pulp fiction" - revistas de grande circulação, impressas em papel barato e que se tornaram muito populares nos EUA nas décadas de 30 e 40. Os "comic-books" foram responsáveis por alavancar a difusão do gênero, tornando-se leitura freqüente entre os soldados em campanha, vindo a se tornar linguagem comum nos manuais de instrução e treinamento de militares, Will Eisner (criador do Spirit e mestre incontestável da linguagem dos quadrinhos) foi um dos que produziu artes seqüenciais para tais propósitos. O grande sucesso de público dos "comic-books" podia ser creditado à sua apresentação vistosa, muito colorida, amparado na enorme aceitação popular das tiras diárias nos principais jornais americanos. Mas, sem dúvida a maior parte do sucesso se deveu ao surgimento em profusão de super-heróis nas suas páginas, que sempre apresentavam habilidades e poderes sobre-humanos. O mais importante e que recebeu acolhida e congregou legiões de fãs, foi sem dúvida o "Superman", que surgiu numa noite abafada de verão em 1933, quando Jerome (Jerry) Siegel (1914 - 1996) então aos 19 anos, rolava na cama imaginando um personagem, fruto de suas leituras dos "pulps" que regulamente devorava com extrena avidez. Naquela época era fã do detetive "O Sombra" e de "Doc Savage" o grande sucesso das histórias de aventura. Mas, Jerry era apaixonado mesmo pelas histórias de ficção científica. Jerry tinha um amigo de escola, excelente desenhista chamado Joseph (Joe) Shuster (1914-1992), que igualmente adorava os "pulps" - desenvolviam juntos um fanzine mimeografado chamado Science Fiction - Jerry escrevia, Joe ilustrava e era um tremendo sucesso entre a garotada. Na edição de janeiro de 1933, eles publicaram uma história intitulada "O Reino de Super-Homem" - o personagem principal possuía fabulosos poderes mentais, porém utilizava-os para fazer o mal. De todos os poderes imaginados para seu personagem, Jerry apenas manteve no futuro "Super-Homem", a super-visão. Nesta época, os Estados Unidos se recuperavam da grande depresão e o mundo reconstruía-se no sentido de apagar os resquícios da primeira grande guerra - sonhar com o futuro e com tempos melhores era possível através de novas descobertas tecnológicas e principalmente pelas histórias em quadrinhos ("comics"). Por isso, naquela noite tórrida de 1933, onde o ar estava estagnado, Jerry não conseguia dormir, envolto em seus pensamentos e a observar as nuvens que passavam por sua janela, empurradas pelo vento alto, em frente da lua, ocorreu-lhe como seria bom se ele pudesse voar para ir se refrescar com o vento - Claro! Voar ! Ali nascia um dos mais famosos e importantes personagens das histórias em quadrinhos, o Super-Homem ! |
| Superman apareceu oficialmente no primeiro número da revista "Action Comics" em 1938. A justificativa para a sua força descomunal, vinha de sua origem extraterrestre, pois ele havia nascido no planeta Krypton, onde a força da gravidade era muito superior à da Terra - fora lançado por seus pais Jor-El e Lora ainda criança para o espaço numa astronave, antes da destruição daquele planeta - era o Moisés dos novos tempos. Sua cápsula espacial viaja até a Terra e cai na fazenda dos Kent, que o adotam e o criam dentro dos preceitos da moral americana - Super-Homem coloca sua energia sobre-humana a serviço da luta contra os malfeitores, embora escondendo sua real identidade sob a aparência frágil e tímida do jornalista Clark Kent. Na mitologia popular, este é o disfarce perfeito e acima de qualquer suspeita, um ser fraco e até certo ponto risível, para ocultar uma figura poderosa e confiante. |
Este é mais um trabalho para o Super-Homem ! Suas transformações invariavelmente ocorrem em cabines telefônicas, becos ou qualquer outro canto escuro. Onde Clark Kent está, nunca aparece o Super-Homem e vice-versa, ninguém desconfia, pois os únicos cúmplices desta dupla-personalidade são os leitores. Os primeiros sinais da popularidade do Super-Homem puderam ser percebidos a partir do quarto número da revista "Action Comics", apesar de um crescimento espantoso nas vendas, ninguem conhecia ao certo os motivos para tanto sucesso. Em uma pesquisa feita junto às bancas de jornal, finalmente o motivo foi revelado: Super-Homem ! A partir de então o editor da revista passou a estampar em todas as capas a figura de seu principal herói. Logo foi criada uma revista exclusiva somente com as histórias do Super-Homem, que teve sua tiragem esgotada.
| | Super-Homem passou a ser publicado em tiras diárias em mais de 230 jornais americanos, deu origem a seriados de TV, novelas de rádio, filmes e desenhos animados, sem contar é claro com uma infinidade de brinquedos, álbuns de figurinhas, jogos e roupas, tudo ao estilo de marketing americano. Com o sucesso do Super-Homem, a dupla Siegel e Shuster alugou um escritório em Cleveland por US$ 30,00 mensais, contrataram uma equipe de quatro artistas, um deles o irmão de Shuster e deram início à produção semanal de 13 páginas de revista, 6 tiras diárias e uma página dominical para os jornais. Uma reportagem do "Saturday Evening Post" dava conta de que a receita bruta do personagem atingira a soma de US$ 75,000.00 em 1940. Joe Shuster, um dos quatro filhos de um pobre alfaiate, que aprendera a desenhar pagando com sacrifício - dez centavos por aula na "John Huntington Art School", re-mobiliou sua casa e comprou um carro novinho. Jerry Siegel, o garoto que juntava trocados para comprar seus adorados "pulps", casou-se com sua namoradinha de infância. Nenhum dos dois, ao que parece, chegou a pensar em alguma forma de investimento para o futuro que,naquele ponto de suas vidas, pareceia ser extremamente próspero e sorridente. A fama e a fortuna lhes sorriam, afinal. |
Certa vez, quando passeava por "Miami Beach" (antes que esta se transformasse no maior balneário-shopping center da América Latina), curtindo umas férias, Joe Shuster foi parado por um guarda. O fato de estar desfilando em roupas comuns, sua aparência casual no meio da grã-finagem e seu carrão, chamaram a atenção do policial. Joe cometeu o erro de mostrar o gordo maço de notas que carregava no bolso e, quando foi perguntado sobre sua ocupação, disse que era o criador do Super-Homem. Levado à corte de magistratura sob a acusação de vadiagem, recebeu de um repórter policial que fazia hora por ali, a sugestão de que desenhasse o Super-Homem para provar sua identidade. Para grande embaraço de todos os presentes, foi exatamente o que ele fez. Envergonhada, a corte retirou a acusação e o deixou ir. | | Como todo herói americano, Super-Homem não escapou aos apelos do patriotismo, afinal ele era o defensor da América. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial o super-herói formou junto com os soldados as fileiras contra o império nazista, a pedido do então presidente Roosevelt, as histórias deste período mostravam um Super-Homem no campo de batalha contra o inimigo nº. 1 - Hitler. Por conta disto surgiu a célebre frase proferida pelo homem da propaganda nazista, Goebels: - O Super-Homem é um judeu ! De lá para cá, Super-Homem fez acompanhar a evolução dos tempos, tornando-se uma figura mundialmente conhecida. Tal reconhecimento no entanto, não foi conferido a seus criadores, Siegel e Shuster, venderam logo no início os direitos sobre a criação para a editora da Action Comics, recebendo apenas pelo trabalho de texto e arte, nunca receberam sequer, "royalties" pelo uso de seu personagem; com o tempo e as diversas adaptações de seu herói, até o nome dos criadores foi apagado dos créditos das revistas. Uma briga judicial foi mantida por diversos anos a fim de promover uma indenização pelo uso da obra intelectual e pelo re-estabelecimento dos créditos dos autores. Siegel e Shuster experimentaram uma velhice de privações e acabaram seus dias em asilos para idosos. Nenhum dos super-poderes que imaginaram para seu personagem, pode ser usado em seus benefícios.
fonte: bricabrac.com.br |
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